Cão tipo faquir


Nossos amigos caninos costumam ter gostos peculiares. Nosso Bento gosta de bolinhas, tipo amendoim, uva passa, jabuticaba. Mas também gosta de coisas que se movem, creio que ele ajudou a exterminar as moscas aqui de casa. Também já passou por sufoco, uma vez penso que foi uma lagarta de fogo, ele teve uma alergia tão forte que passou o dia todo no veterinário.

Aos quatro meses de idade acho que foi uma abelha, ele ficou todo vermelho, inchado e coçando.
Dei-lhe uma dose cavalar de corticoide. Ainda bem que não morreu do remédio, meia hora depois ele voltava ao normal...

Mas seu gosto continua estranho, já comeu pedra pome, roeu seixos, e enfia goela abaixo as pequenas coisas que encontra no chão da casa. Um perigo. Antes de ontem ele não contou tempo ao ver um caco de porcelana no chão, abrimos-lhe a boca e já não encontramos o caco, engolido.

Então ontem pela manhã percebi que o porta chaves da área de serviço estava pendurado por somente um prego. Onde estava o outro? Procurei no chão em vão. Bento havia acabado de ter uma crise feia de engasgo, juntei as coisas e deduzi: Bento havia engolido o pequeno prego de aço.

Pensei na dor de cabeça que seria levá-lo ao veterinário. Iriam radiografá-lo, e ao encontrar o insidioso prego pontudo, fazer uma endoscopia ou cirurgia. Eu disse para a menina do meio: vamos rezar para que o danado cague o prego!

Ele passou a manhã esquisito. Olhava para a gente com pena de si mesmo, como quem conta as horas de vida, depois de feita a merda. E eu rezei. Afinal se Deus protege  as crianças que engolem todo tipo de porcaria por que não protegeria os cãezinhos danados que fazem o mesmo?

Dei-lhe o almoço, ele comeu, e depois lhe dei uma cápsula de óleo de linhaça, para ver se o bendito prego escorregava... Acho que deu certo, à tarde ele estava normal de novo, quer dizer, com a pilha toda, correndo e latindo para os cães do fundo, se enlameando e fugindo de nossas mãos.

Para completar o dia de faquir esqueci de mencionar que pela manhã eu o peguei latindo para alguma coisa no quintal. Pensei que fosse um lagarto, mas não era, desta vez era uma cobra!

Quase do tamanho dele, e enquanto ele latia e pulava ao seu redor, ela levantava a cabeça e mostrava-lhe os dentes! Chamei pelo zelador que estava por perto, agarrei o cão enquanto o homem pegava a cobra na ponta de um galho. Não era venenosa, tipo cobra de vidro. Mas que tinha dentes tinha!

E qualquer hora a gente vai encontrar um prego no quintal!

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