Aprontou todas e levou o troco



No fim de semana Bento teve um comportamento quase exemplar. "Quase" por que eu saí com ele para passear por três vezes, e não deu muito certo, ele ainda insiste em "me levar" para o passeio, indo a minha frente e indicando o caminho. Na última vez foi um pouco melhor.

Em compensação ele não latiu para a cachorrada. Parece que adivinhou que tínhamos um colar eletrônico para ele. Mesmo quando ouvia os latidos dos vizinhos, ele permanecia sereno e sem intenções de partir para a briga. Creio que foi o primeiro final de semana que não houve correria e latidos ao longo das cercas. Acho que a chuva também desanimou a bicharada e contribuiu para o sossego geral.

Pensei, feliz, que ele ia escapar do tal colar. Qual nada. A quarta-feira amanheceu linda, com direito a céu azul fresquinho, depois de chuvas e mais chuvas fora de temporada em Brasília. E Bento amanheceu animado!

Quando cheguei da ginástica, Lu já foi me avisando que ele estava aprontando com os cachorrinhos do fundo. Ela teve que resgatá-lo e limpar-lhe as patas. Dali a pouco ele estava de novo na farra. Não adiantou chamá-lo, mostrar-lhe a guia, gritar, brandir o chinelo na mão...

Eu desisti e voltei para os meus afazeres. Ele chegou cansado e achei que a bagunça tinha terminado. Mas ele estava bem disposto! Contei umas cinco vezes, com a anterior a minha chegada, seis. Seis correrias incansáveis com os cachorrinhos do fundo. Era chegada a hora de experimentar o colar.

Ele ficou desconfiado, não quis sair de casa, mas eu o chamei para ir lá fora. Ele não resistiu e entrou na confusão novamente. Então um choque, ele deu um ganido sentido e voltou para dentro de casa.

Encolheu-se todo, esqueceu da bagunça, ficou humilde. Na verdade humilíssimo. Enroscado no degrau da escada, não fez festa para a menina que chegou, nem para o dono da casa. Não quis o almoço. Comoção geral.

Tiramos o colar e ele foi tirar uma soneca com a menina, já mais tranquilo. À tarde coloquei-lhe o colar novamente e ele não quis sair de casa, nem ir na varanda. Andou curvado pela casa, não pelo peso do penduricalho, pois o danadinho sabe quando faz merda e entendeu bem o que lhe acontecera.

Sem colar, e ficou feliz de novo, porém educadíssimo! Vamos ver quanto tempo vai durar sua boa educação. Ele até ouve os cães latindo na vizinhança, mas desta vez está na dele, sem correrias e nem choques.

Espero que o efeito seja duradouro, já que este cãozinho tem uma memória de elefante! Afinal, a última coisa que queremos é judiar de nosso amiguinho levado.

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