Rolar na bosta é normal?


A primeira vez foi há poucos meses, quando papai ainda estava aqui, vivendo seus últimos e delicados dias. Nino entrou em casa com os pêlos grudados, fedendo feito um gambá. Pensei que ele tinha rolado sobre alguma coisa podre, quem sabe um bicho morto?

Naquele momento tudo o que não queríamos era um risco de contaminação, e imediatamente joguei o cão no tanque para lavá-lo. Mas a coisa estava tão grudada no pêlo dele que tive que esfregá-lo com uma escova e sabão, e que catinga! Quanto mais lavava, mais fedia. Depois percorri o quintal em busca de um bicho morto e podre, que nunca encontrei.

Uns meses depois, ao voltar de uma curta viagem, Lu me avisou que Nino havia repetido o feito, e lá foi de novo para o tanque e esfregação... Ele rolou na bosta, dona Liliam! Ela contou. Como é que? E cachorro rola na bosta? Na dele ou no do Bento?

Mas isso são detalhes... Sabemos que Nino sempre foi chegado a uma sujeira. De banho e piscina ele passa longe - Bento adora! Felizmente ele deixou de trazer galhos, folhas e caroços para casa, mas até hoje ele mija a casa, incluindo o sofá e nossa cama, para nosso desespero! Mas rolar no próprio cocô é o cúmulo da sujeira!

Pouco tempo depois, num belo dia de domingo, Tatá deu um banho caprichado nos dois, e lá veio o pequeno me dar beijinhos no sofá. Mas ele estava fedendo... Nem precisou rolar muito no cocô, só um pouquinho, só uns pêlos coladinhos de merda, o suficiente para eu fugir rapidinho de suas lambidas amorosas!

Mas ele acabou de tomar banho! Esfreguei nele um pano molhado no PinhoSol, algumas vezes, pois encontrei outros e outros pelinhos melados... É muito gosto por caca!

Hoje encontrei um objeto estranho na escada. Observando de perto descobri que se tratava de cocô, e o autor estava ali por perto, deitado num degrau. Cocô na escada, Nino? O que deu em você? E a criatura me olhando com a cabeça deitada, os olhos compridos, de uma tristeza sem fim, de quem lamenta seus próprios atos...

Não deu nem para brigar, e ele humildemente foi esconder sua vergonha embaixo da mesa da cozinha. Vem cá Nino, não vou ralhar com você. Mamãe te ama, mas você tem que crescer, não dá mais para fazer xixi e cocô em casa, você já é um cão adulto, e vai fazer dois aninhos! Você é um príncipe limpinho!

Afinal, a esperança é a última que morre!


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