Bentinho e nós, como tudo começou



Depois de perdermos Woody, nosso valente e idoso cão Schnauzer, pensamos que não havia mais espaço em nossas vidas para um outro cão, pelo menos durante um bom tempo.

A casa estava vazia, em poucos mais de seis meses a menina mais velha havia se mudado para outro país, o menino mais novo foi estudar em outro estado, e o cachorro morreu. Restava-nos a menina do meio, ocupada com a faculdade e o trabalho, e a maior inconformada com a perda do cão.

Foi quando vi no Facebook o aviso de minha amiga, de que sua cadelinha Jack Russel tinha tido seis cãezinhos, para os quais ela procurava novos donos para breve. Senti então uma cosquinha irresistível de mostrar o anúncio para a menina do meio com uma pergunta: você quer ir vê-los comigo?

Quando a filha mais velha chegou para suas férias no Brasil decidimos que iríamos ver os cãezinhos, eles já estariam com trinta dias por esta época, e quem sabe poderíamos nos decidir por um deles? Os ânimos magoados com a perda recente de Woody já começavam a mudar, pelo menos para nós mulheres, pois os homens da casa não estavam gostando muito desta ideia...

Lá fomos nós, afinal quem não gosta de ver uma ninhada de cãezinhos?

Minha amiga trouxe Kiara de Pretória, na África do Sul, onde morou por dois anos. Por lá havia uma febre de Jack Russels, enquanto aqui eram quase desconhecidos. São animais muito inteligentes e também muito ativos, muito ativos! Minha filha já estava pesquisando sobre a raça, e estava empolgada com a possibilidade de correr com o cão, afinal eram bem dispostos corredores.

Nos encantamos com o machinho de olho pirata, era também mais peludinho que os outros e nós queríamos um assim. Não levamos em conta que era o maior de todos, e como falou minha amiga, o mais aventureiro e intrépido da ninhada...

Passeamos com ele no colo (cabia só numa mão, que gracinha!) na vizinhança, para conhecer o pai, o Bacana, e eis que o pingo de cão rosnou e ensaiou uns latidos, sinal da valentia precoce do danadinho!

Com quarenta dias o levamos para casa. Fui eu e o filho mais novo, que estava num feriado aqui em casa. E o rapagão de dezoito anos veio com o bichinho pulando em seu colo, enquanto que ele veio chorando no longo trajeto de volta. Eram saudades do Woody... Desde sua partida de nossas vidas haviam se passado apenas três meses.

Bento - o nome foi a menina do meio que escolheu, a primeira opção dela foi Chico, mas como este não foi aprovado, ficou Bento -, estava à vontade em nossa casa desde o primeiro dia. Preparei para ele uma cama numa caixinha de papelão na cozinha, e em pouco tempo ele dormia sem estranhar o novo ambiente.

A cada semana eu reformava a caixinha, pois Bento crescia espantosamente. Pensamos se não teríamos um Jack Russel gigante em alguns meses! Ele agora tem seis meses e creio que é maior que a maioria dos cães desta raça que conhecemos!

No mais posso dizer que de todos os meus filhos Bento é o mais levado. Ele é capaz de todas as artes, desde rasgar o papel higiênico, tomar banho de lama do quintal, enterrar ossos de couro, descascar paredes, destruir peças íntimas, chinelos, sandálias e tênis, e o que mais nem quero imaginar!

Enquanto torço para esta fase destrutiva passar (ele já completou seis meses!), Bento hoje já devorou parte de uma imagem de Jesus em minha mesinha de cabeceira, e de seus dentes salvei meu óculos novo (ficaram só umas marcas)...

Ao menos ele é carinhoso, o tanto que é levado tem de dengo, e quem resiste a sua carinha pedindo perdão pelas artes praticadas?






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