Oliver e Bento


Eu sabia que chegaria um dia para falar destes dois, e este dia chegou, mesmo que eu não tenha testemunhado tudo que ocorreu, e que as notícias tenham chegado a mim por Whatsapp e Facetime.

Mas vamos começar do início, falando de Oliver, o pequeno cão marrom da família que mora nos fundos do condomínio. Creio que deve ter em torno de seis a oito anos de idade, e admiro a inteligência do cãozinho, pois entre tantos cães que esta família já teve, creio que este é o que está vivo a mais tempo.

Não é neste momento o único cão da família, existem mais três que vivem numa antiga quadra de tênis desativada, e que latem freneticamente para todos e qualquer coisa que se dirija para o final do condomínio. Mas, diferentemente destes três, Oliver goza de total liberdade.

Total liberdade mesmo, ele se considera o rei do condomínio. Este cão alfa sai pelas grades do portãozinho da sua casa e passeia sozinho pelo condomínio e além, isto é, ele sai do condomínio, passeia tranquilamente lá fora e retorna. Ele também se dá ao direito de implicar com os carros dos vizinhos, e até morder alguém que se aproxime dele, como fez com a mãe de minha vizinha da direita.

Nos treinamentos de Bento, enquanto o treinávamos no estacionamento do condomínio, Oliver ficava de prontidão na esquina da velha quadra de tênis, ora rangia os dentes, ora urinava pelo cantos para dizer que aquilo tudo era dele, ora deitava-se no asfalto para assistir a aula. Havia uma explícita provocação, e Bento não ficava tranquilo, não tirava os olhos do arqui-inimigo.

Às vezes eles latiam ferozmente um para o outro, e só não iam as vias de fato por que Bento estava preso pela guia. Por fim desistimos do treinamento no condomínio, para não acirrar uma briga entre os dois. Mas talvez fosse inevitável...

Parece que estas coisa só acontecem quando a gente sai de casa. A garota do meio estava só com o cão no final de semana, e saiu com ele para passear no bairro. No condomínio Oliver também passeava ao lado dos seus familiares humanos. Até aí tudo bem, o que a garota não esperava era que Oliver atacasse Bento pelas costas, e foi o que aconteceu, uma mordida repentina no traseiro de nossa salsichinha branca.

Daí Bento se virou e se enroscaram numa briga canina, e a garota se meteu no meio para apartar a briga. E a família do Oliver? Fez que não era com eles. Por fim ela conseguiu agarrar Bento e o trouxe para dentro de casa. Depois saiu para tirar satisfação com os vizinhos do fundo, bufando de raiva.

E seguiu-se um lamentável bate-boca. Bento não estava ferido e logo se acalmou. A menina levou mais tempo até recuperar-se, afinal ela também estava sozinha passeando com Woody no condomínio quando os grandes cães do vizinho do lado derrubaram a cerca para atacá-lo. E agora de novo com Bento. Ao menos são cães do mesmo tamanho.

De toda situação sobraram risos. Mas fiquei sabendo que também o pacífico Puggy do vizinho da frente foi igualmente atacado por Oliver, enquanto passeava na frente de casa com sua dona de apenas oito anos de idade. Creio que o pequeno Benjamim ficou traumatizado, passou uns três dias amuado em casa, e pelo jeito temos um cão delinquente em nosso condomínio.

Ou tínhamos, pois fiquei sabendo que Oliver estava preso, e pior, ele agora fazia companhia aos três outros cães na velha quadra de tênis. Desta vez fiquei com dó dele!


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