Vamos passear? Ou como socializar um cão alfa...


Neste último final de semana fiquei só, ou quase só. Eu e Bento, Bento e eu. Quase 24 horas por dia. A cada passo o sombrinha me acompanhava, e ninguém com quem compartilhar esta sombra grudenta e exigente...

Bem, nós sabíamos que dos seis filhotes de Kiara Bento era o que se aventurava mais longe. Era o maior da turma, e também o mais rebelde. Mas nos conformamos com a sina de ter cães valentes.

Com as pessoas Bento era brincalhão e afetuoso, mas não tínhamos experiências felizes na convivência dele com outros cães. Ele insistia em provocar e atacar todos os cães do condomínio, dos imensos e nada amistosos cães do vizinho ao lado, ao fofo e gorducho Puggi (um filhote como ele, de nome Benjamim, que gracinha!) que morava a nossa frente, passando pelos variados cães do vizinho mais ao fundo.

Nos passeios só não saltava sobre os outros cães por conta da coleira que o prendia, fossem machos ou fêmeas.

Na manhã de sábado passeei com ele na pacata ciclovia do Park Way, poucas possibilidades de sociabilizá-lo. No dia seguinte decidi que me arriscaria com ele no Eixão, proibido para carros nos dias de domingo.

Ah como ele gosta de passear de carro! Fica excitadíssimo com as novidades que vê pela janela. Estacionei bem próxima do Eixão (o nome é este mesmo, um Eixo que corta a cidade de norte a sul que ganhou a alcunha de grandão), e lá fomos nós.

Ele não gostou nada das bicicletas, queria avançar sobre todas elas, até que escapou da coleira para perseguir uma moça. Eu gritei para ela que ele não mordia, era só um filhote danado, mas não adiantou e ela não parou. E eu correndo atrás...

Ele desviou sua atenção para perseguir outra bicicleta, mas por fim resolveu fazer festa e pular num corredor que vinha no sentido contrário, e foi a oportunidade de pegá-lo e deixar a coleira bem apertada.

Como o que não faltava era bicicleta, entendi que devia fazê-lo sentar e se acalmar a cada vez que uma passava mais perto de nós. Como é esperto, ele logo entendeu. Então eu o elogiava pela boa atuação e ele satisfeito abanava a longa cauda . Progressos!

Mas de repente ele esquecia de tudo para seguir seus instintos de caçador e avançava sobre a próxima bicicleta. Calma menino! E assim começávamos tudo de novo, mas eu já poderia lhe dar uma nota 7 no convívio com as duas rodas.

E quanto aos cães? Neste caso não houve progressos. Ele atacou todos que viu no caminho, e também foi atacado. Nota zero.

Fomos para casa, à noite a menina do meio chegaria, o pai com o menino mais novo também, e eu poderia enfim descansar de meu amiguinho inseparável! Eles chegaram, e Bento agora não desgruda do garoto...

Neste Natal vamos para Trancoso, na Bahia. Mar, praia, sol, coqueiros... Tudo de bom! Só tem um detalhe, resolvemos levar o Bento. Ele vai de carro, com meu marido e filho. Como é que vai ser? Não tenho a menor ideia! Mas tudo tem uma primeira vez.

O problema não é a viagem, é que eu chamo Trancoso de "terra dos cachorros livres e felizes"... Entendeu? Cachorro lá tem coleira mas vive solto, são dezenas deles. Sempre arrumamos amigos caninos, eles passam o dia conosco andando pela praia (são muito fiéis!). Quando nos reencontramos no outro dia, eles novamente nos acompanham, livres e felizes.

E o Bento nisso tudo? Só quero ver! Ou ele se entende com a cachorrada, ou...

Depois eu conto.

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