A incrível saga do dedinho x a marvada Nisseria Animaloris - parte I



A história é longa, já dura oito meses, mas vamos com calma contá-la.

Não sei dizer quando Bento ficou mais estressado, talvez ele nunca tenha aceitado bem a vinda de Nino. O fato é que seus trimeliques ficaram mais intensos, e ele passou eventualmente a bater os dentes também. Os espasmos também aumentaram, e ouvi o marido dizer várias vezes: Esse cachorro é epilético!

Então os ataques a Nino ficaram frequentes; depois de seis meses de trégua (a maior que houve), ele atacou o amigo em dias seguidos. Andava meio encolhido, a cauda baixa, parecia sempre infeliz, embora não lhe faltasse mimos, brincadeiras, espaço e muito amor; além disso o tal colar de choques, poucas vezes usado, já estava há muito aposentado. Isso foi no segundo semestre de 2020.

A vítima, ao contrário, estava sempre feliz! Nino perdoava quase imediatamente, e já estava pronto para mais uma corrida atrás da bolinha, ou do lagarto, ou da moto. Sempre de caudinha abanando! Sua única vingança era mijar! Como quem dizia: Você me ataca e me morde, mas esse território também é meu! E mijava toda a cozinha, marcando seu espaço em volta da cama do Bento.

A menina do meio, bem crescida, havia se mudado de nossa casa a pouco tempo, mas vinha nos ver quase todos os dias. Numa de suas chegadas, um ataque violento, e ela foi apartá-los. O que se seguiu foi muito sangue, cachorros separados, e um pano de prato para enrolar a mão.

Vamos ao hospital! Ok! 

O pai levou, o dedo indicador esquerdo foi lavado e lavado. Ganhou sete pontos, um curativo, antibióticos e a promessa de retorno em cinco dias. Não levamos todo esse tempo, em três dias e muita dor abriu-se o curativo, e o dedo já necrosado. Dessa vez fomos em busca do especialista de mãos e microcirurgião. Internação, cirurgia avançando à noite e as palavras do Dr. Bruno ecoando na mente: Vamos tentar salvar seu dedo!

E daí foram vinte e poucos dias de internação em plena pandemia, e mais quatro cirurgias, e uma barbaridade de antibióticos, até que o nome dela surgiu na biópsia: Nisseria Animaloris!

É bom que se diga o nome da marvada. Poucos casos descritos no mundo, bactéria de boca de animal sensível a muitos antibióticos, mas que demandava uso prolongado dos mesmos. É bom que se saiba, e que essa informação possa ajudar muita gente em seus acidentes com bichinhos domésticos ou não.

Mas além da menina que necessitava agora de muitos cuidados, providências teriam que ser tomadas também em relação a Bento. E quem ama cuida, não é mesmo? Pois estamos cuidando de Bento de muitas maneiras, e esse é o tema do próximo post!

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